Talvez você ainda não conheça o conceito de competências transversais, mas certamente após ler este texto identificará em si mesmo características relacionadas a competências dessa natureza.
Nos processos de transição profissional as competências transversais são uma parte fundamental, independentemente da área e atividade profissional pretendida pelo cliente.
Para facilitar o entendimento, imagine uma estrutura de empresa no formato clássico de pirâmide, ou seja, estrutura funcional. Vamos dividir esse desenho em quatro faixas horizontais que são os graus hierárquicos, também chamados de níveis de atuação, tais como: estratégico, tático, especialista e operacional.
Os modelos de gestão por competências definem competências específicas para cada nível. Exemplificando:
▪ Aqueles que estão no topo da pirâmide (diretor, p.ex.) tomam decisões de grande impacto e precisam conhecer o mercado e o segmento para poderem pensar de forma estratégica.
▪ Profissionais no nível tático (supervisor, p.ex.) são responsáveis por traduzir as macro diretrizes em planos e práticas, portanto devem ter capacidade de gerir recursos financeiros, materiais e principalmente pessoas.
▪ Os especialistas (engenheiro, p.ex.) conhecem com profundidade a sua área de atuação e, assim, são capazes de analisar problemas e propor melhorias.
▪ Na base da pirâmide estão os operacionais (assistente, p.ex.), aqueles que executam as atividades de complexidade menor, mas não menos importantes.
E, afinal, o que são competências transversais? São as habilidades que, ao mesmo tempo, perpassam transversalmente os níveis hierárquicos e a maior parte das áreas ou setores da empresa. Alguns exemplos para ilustrar o conceito:
Visão sistêmica: quem tem distanciamento de visão percebe as coisas de forma ampla e integrada, é capaz de fazer conexões diversas e relacionar situações a resultados, bem como antecipar eventuais problemas e chegar mais facilmente a alternativas e soluções.
Comunicação interpessoal: o ser humano dispõe das linguagens verbal e não-verbal, o que lhe possibilitam transmitir e captar ideias e sentimentos. Vivemos em grupos porque somos seres gregários, e a comunicação é a base dos relacionamentos em qualquer área da vida.
Planejamento e organização: dificilmente alguma atividade profissional não requeira esta habilidade. O futuro pode ser projetado com mais segurança quando se tem ciência dos recursos necessários e disponíveis, para então cruzá-los, de forma estruturada, com os objetivos.
Nas reuniões de consultoria para transição profissional eu reservo boa parte do tempo para elucidar as competências transversais do cliente e descobrir junto com ele como potencializá-las no curto e no médio prazos, pois são essas competências que darão acesso a uma variedade de oportunidades no mercado de trabalho. São as “forças internas”: experiências, conhecimentos, aptidões e tudo o que puder somar positivamente para a construção do futuro desejado.
Saber que não se partirá do ponto zero reduz a ansiedade e faz com que o cliente direcione melhor o seu tempo e a sua energia. Em resumo, a pessoa que desenvolveu competências transversais ao longo da sua trajetória terá maior facilidade para fazer a transição profissional.
Elenice Brusque
Consultora para transição e desenvolvimento profissional
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